terça-feira, 29 de dezembro de 2009

First email



Hoje recebi um email teu, em resposta a outro que te tinha enviado ontem à noite.
"Gostaste do vinho que te ofereci na troca de prendas?" Que pergunta ridícula!!!

Falsifiquei o sorteio dos papelinhos com o nome de todos...abri mais de dez até ler o teu nome escrito a Arial, tamanho 10. Colei-o no monitor do pc porque assim parece que olho para ti.
Ridículo!

A tua resposta foi breve, simpática mas breve. "A garrafa continua guardada(...)" porque agora tens bebido mais vinho caseiro nesta época festiva! Votos de bom 2010 e tal...

E foi assim a minha primeira carta para ti, ridícula!



Fotografia: Jon

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Declaração sem sentido...ou não?


Depois do adeus ao passado
desejava alcançar uma luz interior, aqui, contigo, neste espaço entre mundos, onde todos se encontram.
Excepto aquela rapariga que sorri quando te vê,
quando entras pelo escritório e sorris de forma tímida.
Porque o fizeste?
Fizeste-me sonhar ainda mais contigo, com o que poderia ser e não é?!
...?


domingo, 27 de dezembro de 2009

Terminus

Sempre esperei por ti...agora tenho de te esquecer. A porta fechou-se mas ao fundo, quero acreditar que ainda há luz.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Hoje quando fecho os olhos lembro-me de duas coisas:
o teu sorriso
ele a passar..
Sim, ele passou à minha frente, com um ar normal, sendo ele mesmo mas já não o conheço
já não é aquela pessoa que esteve comigo ou que pensei que era...pessoa ou que partilhou comigo momentos da sua vida...não era o homem que amei,
a quem me dei,
a quem confidenciei os meus podres,
a minha intimidade,
no suor,
nas lágrimas...
não, não era ele.
Será que era?
Será que continuo a amar-te?
Quero chamar-te sacana, mentiroso,
dizer-te que te aproveitaste de mim e gritar contigo até ficar sem voz
poeticamente falando...
estupidamente falando
porque só tu me viste,
só a ti me entrguei com alma,
só em ti acreditei estupidamente que poderias ser meu.
Agra vejo que nada foi.
Passou tão rapidamente o teu amor por mim.
Será que era amor aquele espinho que era a minha vida contigo?
Sacana.
Mentiroso.
Fecho os olhos e vejo o outro sorriso,
talvez sincero
(será que existe ou fui eu que o projectei?),
inocente ou malandro?
Não sou feliz sozinha.
Sei disso.
E cada dia que passa sei cada vez mais.
Espero que apareças para ter coragem de te dizer que quero sair contigo...
ridicula que pareço...'quero sair contigo,
beber um café, talvez um jantar...'
O que tenho a perder?
Nada?
Eu própria?
Sinto-me tão agoniada nas minhas emoções e em mim que pareço viver noutro corpo que não é meu,
contrariando todas as minhas regras,
tudo aquilo em que acreditava,
a pureza que existia em mim acabou.
Já não acredito.
Não quero acreditar...ou simplesmente quero,
estupidamente quero acreditar que existe uma felicidade que me arranha a pele,
que vai ser minha,
que poderás ser tu...
e nada tenho coragem,
não consigo dizer-te nada sem estar fora de mim,
sem ser inadequada.
Salva-me...
deixa-me partilhar esse sorriso e esquecer que passei algo mau.
Deixa-me acreditar de novo que posso ser feliz.
Não será isto usar-te?
Não quero sofrer mais por alguém.
Dói demasiado.
Ver mentiras,
casais mentirosos,
falsas relações.
Não.
Isso não quero.
Mas aquele sorriso timido que vi...sim, era esse que desejava.
Quero fugir para ti e aninhar-me nos teus braços, homem que sorris,
Sentir que te tenho a meu lado para falar.
Adoro quando falas.
És como eu.
falas.
Adoro.
Sinto-te longe.
Quero ficar perto de ti e que me fazes esquecer estas mágoas e aquelas memórias que hoje se cruzaram com a minha antiga realidade.
Quero esquecer que existiu
porque foi mentira.
nada foi real.
e eu também para isso contribui.
deixa-me sorrir contigo.


Deviantart

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Quando a lua vier tocar-me o rosto a tua sombra extinta marca o fim de um eclipse horário de uma partida iminente e o tempo apaga a marca dos teus passos por sobre o meu nome.

Ana Hatherly


segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Suicida



Nadya Kulikova


Seria um milagre se eu revirasse as gavetas e encontrasse um sonho?



Carla Dias

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Como eu não possuo


Fotografia:


Castrado de alma e sem saber fixar-me,



Tarde a tarde na minha dor me afundo...


Serei um emigrado doutro mundo


Que nem na minha dor posso encontrar-me?...






Como eu desejo a que ali vai na rua,


Tão ágil, tão agreste, tão de amor...


Como eu quisera emaranhá-la nua,


Bebê-la em espasmos de harmonia e cor!...


Mário de Sá-Carneiro

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A lucidez perigosa

Estou por assim dizer vendo claramente o vazio. E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior que eu mesma, e não me alcanço.



Clarice Lispector


domingo, 13 de dezembro de 2009

Nua

Porque me despes completamente sem que eu nem perceba...

E quando nua por incrível que pareça sou mais pura...

Porque vou ao teu encontro despojada de critérios...

Isabel Machado



Fotografia: Deviantart

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Dá-me a tua mão

Dá-me a tua mão: Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta.

Clarice Lispector



Fotografia: Castillion

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Talvez

Talvez até a Vida seja simples

Os meus lábios são por exemplo
Feitos de vento
E a minha voz é uma cortina de fumo
Para me defender do frio


Maria Azenha



Fotografia: remigiuszkozdra

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sia - Breathe Me

Fatalismo





Amo o que em ti há de trágico. De mau.

De sublime. Amo o crime escondido no teu andar.
A tua forma de olhar. O teu riso fingido e cristalino.

Amo o veneno dos teus beijos. O teu hálito pagão.
A tua mão insegura na mentira dos teus gestos.
Amo o teu corpo de maçã madura.

(...)
 
E esta tua ausência

Este não-ser que é.


Texto: Manuela Amaral
Fotografia:ohxdear

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

fingir que está tudo bem
o corpo rasgado e vestido

com roupa passada a ferro, rastos de chamas dentro do corpo,
gritos desesperados sob as conversas
fingir que está tudo bem
olhas-me e só tu sabes

José Luís Peixoto




Fotografia: Paolo del Frate

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Sofrimento milenar

No meio do nada surgiste tu
vens sempre que queres
nada te pára
e eu...
apenas fico aqui
do lado de fora do mundo
vendo as minhas mãos estendidas no sofá
caídas
como que morta
e pálida...

Elaine Dezembro 2009




Fotografia: Cynferdd

Quero escrever o borrão vermelho de sangue com as gotas e coágulos pingando de dentro para dentro.

Clarice Lispector

Fotografia: seathrill

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Tristeza genuína, original,

a rebentar entranhas e navios
sem mar.
Tristeza redundando em mais
tristeza, desaguando em métrica
de cor.

Ana Luísa Amaral



Fotografia: Shannon Taggart